Viver como artesão exige estudo, atualização às técnicas, às ferramentas de venda e de administração, mesmo que a paixão tenha começado com o bordado aprendido com a vovó. Seguimos com a série de reportagens que mostra a variedade e riqueza do artesanato lençoense, contando a história de uma família de artesãos. Essa dupla também é participante ativa nas ações e projetos da Setur direcionados ao segmento de artesanato.
Maria Tereza Cacciolari Caiola e Andrezza Cacciolari Caiola, mãe e filha, são respectivamente a terceira e quarta geração a assimilar e transmitir as técnicas artesanais que são o tesouro da família. Os produtos agregam muito carinho, tradição familiar e devoção religiosa. Todo esse talento e paixão é expressado em técnicas de aplicação, bordado, colagem, costura/ fuxico/ patchwork, modelagem, pintura, revestimento, customização e estilização, e pode ser visto em peças variadas, como vasos de cerâmica, imagens sacras, kits de bebê, caixas, bordados diversos (toalhas, bolsas, panos de copa, bandô), itens de decoração de cabaça, peças revestidas com bagaço de cana, sino dos ventos de conchas e flores em palha de milho. Isso sem contar a produção de doces artesanais, uma especialidade de Maria Tereza.
“Minha bisavó fazia colchas de crochê, maravilhosas. Até os seus 90 anos fez crochê. Já a minha vó sempre costurou nossas roupas, também era bordadeira. O bordado livre ela que ensinou pra gente”, relembra Andrezza. Ela conta que aos sete anos de idade já conhecia e dominava essas técnicas. Ela é servidora e atua como monitora dos cursos oferecidos pela Secretaria de Assistência Social, ensinando artesanato.
Já Maria Tereza fez carreira e se aposentou como bancária, mas o artesanato sempre esteve presente em sua rotina pessoal e profissional. Quando não estava no emprego, estava produzindo e participando de feiras, sempre que possível. Chegou a ter uma loja nos anos 90. Andrezza a acompanhava. E essa tradição continua passando de geração a geração. Quebrando um pouco os paradigmas, o pequeno Enzo Henrique, de sete anos, que é neto de Maria Tereza e sobrinho de Andrezza, demonstra interesse e compromisso. Ele participa principalmente das atividades que envolvem pintura e já demonstra um estilo próprio e original.
As peças que a família produz encantam os olhos e acalentam o coração. Especialmente o artesanato sacro, uma especialidade da família presente nas mais variadas peças, desde objetos de decoração a itens de uso pessoal. Andrezza também faz restauração de imagens e tem no currículo a restauração da imagem de Nossa Senhora Aparecida para a paróquia local. Isso sem contar os doces caseiros em calda, sequinhos em colher (batata, abóbora), doce de leite, pé de moleque, que Maria Tereza também leva para as feiras, sempre que possível.
Para esta família, o artesanato é tudo: é atividade profissional com um toque de carinho da vovó.
“É uma fonte de renda, lógico, que nós precisamos. Mas é muito mais que isso. Na pandemia, quando não conseguíamos produzir, piorou nosso estado de saúde. Eu não consigo viver sem o artesanato. É um estímulo para as outras coisas da vida”, avalia Andrezza.
“É um remédio para as dores, um auxílio na saúde mental. Como o nosso emocional é melhor quando produzimos artesanato”, completa Maria Tereza.
O projeto Lençóis Paulista Feito à Mão é uma iniciativa da Secretaria de Turismo que visa mostrar um pouco da história e do trabalho dos artesãos lençoenses, e quanto essa produção agrega em termos econômicos e culturais.
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